Ex-ministro de Bolsonaro, Gilson Machado fala a VEJA sobre prisão 3v211j
Político pernambucano foi preso por suspeita de obstrução de Justiça no processo da trama golpista 4z5637

Ex-ministro do Turismo do governo de Jair Bolsonaro (PL), Gilson Machado (PL-PE) falou pela primeira vez após deixar a prisão na noite de sexta-feira, 13, em um vídeo gravado e enviado exclusivamente para a equipe de VEJA. O político teve sua prisão revogada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após ele ar toda o dia no presídio de Abreu e Lima, na região metropolitana da capital pernambucana. Assista a gravação abaixo.
“Em relação à família, a um turbilhão de coisas na cabeça. Eu nunca tive esse tipo de coisa na minha vida. Ainda bem que foi apenas por algumas horas. Não só a família, mas também os empregados. Nós temos mais de 250 funcionários que, quer queira, quer não queira, são em torno de 200 famílias que dependem do nosso trabalho diretamente. E, com a minha ausência, de alguma forma, eles seriam impactados. Mas o bom senso prevaleceu, e eu estou pronto para qualquer indagação”, avalia o ex-ministro.
Por que Gilson Machado foi preso? 616d3f
Machado alegou inocência em depoimento à Polícia Federal (PF) e em conversa com jornalistas ao chegar no Instinto Médico Legal (IML) do Recife, antes de fazer exame de corpo de delito, como é comum quando alguém é detido. “Venho a público reafirmar minha total inocência. Não cometi crime algum. Não matei, não roubei, não trafiquei drogas. O que fiz foi apenas pedir informações sobre a renovação do aporte do meu pai, um senhor de 85 anos. É só verificarem as ligações que fiz para o consulado e os áudios que enviei aos funcionários. Eu nunca estive presente em nenhum consulado ou embaixada — nem de Portugal, nem de qualquer outro país — seja no Brasil ou no exterior. Tudo o que fiz foi um gesto de cuidado com meu pai, nada além disso. A justiça divina tarda, mas não falha”, disse.
O ex-ministro foi preso por suspeita de obstrução da Justiça, no âmbito de uma operação da PF que verifica se ele tentou facilitar um aporte para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid — que é delator no julgamento da trama golpista.
A suposta ação de Machado teria ocorrido junto ao consulado de Portugal em Pernambuco no dia 12, segundo a PF. O objetivo dele seria “viabilizar a Cid a saída do território nacional”.
Segundo um parecer da PGR, há “elementos sugestivos” de que Machado atuou para atrapalhar o andamento da ação penal da trama golpista que ocorreu nesta semana no Supremo Tribunal Federal (STF), o que pode configurar obstrução de investigação. “A Polícia Federal apresenta elementos sugestivos de que o senhor Gilson Machado Guimarães Neto, que exerceu o cargo de Ministro de Estado do Turismo durante a gestão do então presidente da República Jair Messias Bolsonaro, esteja atuando para obstruir a instrução da Ação Penal n. 2.688/DF e das demais investigações que seguem em curso”, disse a PGR.
A investigação só foi iniciada após Machado não conseguir o documento no consulado e sob o risco dele tentar novamente em outro espaço diplomáticos.
Em nota divulgada na última terça-feira, 10, Machado já havia negado que tivesse tentado expedir um aporte português para Cid e disse que seu contato com o consulado português teria tido uma motivação familiar. “Eu, Gilson Machado Guimarães Neto, tomando conhecimento das publicações desta tarde, nego veementemente ter ido a qualquer consulado, inclusive o português no Recife-PE. (…) Reitero, nessa oportunidade, que apenas mantive contato telefônico em maio último, com consulado português, tão somente solicitando uma agenda para meu pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães, renovar o aporte, o qual foi feito após dita solicitação”, dizia o texto enviado pelo ex-ministro do Turismo.